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Se você está lendo esse post, provavelmente já viu, há algumas semanas atrás, a foto e o vídeo de Omran Daqneesh, 5 anos, sobrevivente de um bombardeio na Guerra (Civil?) na Síria.(é a criança da esquerda nas fotos acima).

Não podemos sequer chamar o que ocorre atualmente na Síria de Guerra Fria pois há uma intercessão direta da Rússia e dos “antigos Aliados” no conflito. Todos dizem que estão entrando para atacar o Estado Islâmico (DAESH), porém com um apoio direto a um dos lados do conflito. Os russos apoiam o governo ditatorial… os “Aliados”, os rebeldes. No meio dessa disputa, mulheres e crianças.

Eric Hobsbawn em “Era dos Extremos” já discursava sobre como a tecnologia trouxe a impessoalidade para homicídios em massa. Matar pessoas se transformou, de um ato a sangue frio à apertar um botão e mudar número, fazer sumir “pontinhos” lá embaixo que sequer possuíam rostos para você (e poderiam ser até mesmo comparados a formigas). Os seres humanos foram transmutados em verdadeiras estatísticas ambulantes… Nomes trocados por números…

…e quem poderia nutrir qualquer sentimento de pesar por um número?

Não existe certeza nos alvos de bombardeio. A inteligência que descobriu as possíveis áreas afetadas pode estar desatualizada e ou foi comprometida. As bombas acabam por causar danos colaterais a diversos civis próximos às áreas atingidas. É um ataque covarde e desumano.

A intervenção internacional que deveria ocorrer em favor de uma mediação do conflito, e a tentativa da abertura de um diálogo para evitar mais morte e destruição, não apenas não cumpriu seu papel como acirrou a violência. O governo Sírio sequer respeita as leis internacionais, jogando “barrel bombs” de cloro nos supostos rebeldes, que, é preciso lembrar, são parte da população e portanto, vivem próximos a civis (que por sua vez acabam sendo atingidos no meio do fogo cruzado, como foi o caso do pequeno Omran Daqneesh). Para que todos saibam, e fique bem claro, armas químicas foram proibidas pelas Convenções de Haia, sendo seu uso considerado crime de guerra.

Em meio ao pesadelo de mortes que chovem do céu, em 2013 surgem os White Helmets (capacetes Brancos) da Síria. Grupos de voluntários trabalhando como Defesa Civil, que arriscam suas vidas na tentativa de salvar o máximo possível de pessoas após bombardeios. São cerca de 2900 voluntários, oriundos das mais diversas profissões (alguns com treinamentos próprios à tarefa…outros sem treinamento algum), com o único objetivo de salvar vidas.Desde 2013 foram cerca de 60000 vidas salvas (inclusive, o menino Omran foi uma delas) e infelizmente, entre as perdas estão cerca de 150 Capacetes Brancos.

Em agosto de 2015 os White Helmets foram indicados para o prêmio Nobel da Paz. O resultado sai em 7 de outubro.

Para suportar os White Helmets clique no nome deles nessa frase.

Quer conhecer mais sobre os White Helmets mas de uma forma um pouco mais interativa? A NetFlix lançou nesse dia 17 de setembro(2016) o documentário de cerca de 40 minutos sobre eles. O curta se chama “The White Helmets: to save a life is to save all of humanity”.

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No dia 12 de setembro de 2016 a Rússia e os EUA anunciaram um cessar fogo no espaço aéreo da Síria. O cessar fogo deveria durar 10 dias e serviria para a criação de um corredor humanitário para prover auxílio à população. O acordo foi um fracasso. No quarto dia (16 de setembro), aeronaves não identificadas bombardearam inclusive um centro de defesa civil. No sábado, 17 de setembro, um novo bombardeio foi feito, desta vez, ASSUMIDO PELOS EUA como um erro, pois acreditavam estar atacando uma célula do Estado Islâmico.

Não sei quanto à vocês mas na minha concepção, cessar fogo possuía um sentido bem diferente… como o de cessar… o fogo…

Infelizmente a Paz não traz lucro de uma nação sobre a outra…

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